A História do FMe - Parte 1
Inaugurada em 2021, Faixa Estendida de FM já conta com dezenas de emissoras espalhadas pelo país
06/11/2023
As transmissões de radiodifusão em Amplitude Modulada (AM), realizadas na faixa de Ondas Médias (OM), iniciaram-se no Brasil em 1922. Rapidamente, foram surgindo emissoras por todo o país e o rádio foi passando a fazer parte da vida do brasileiro.
Com o passar das décadas, entretanto, as emissoras que operavam nessa faixa passaram a sofrer diversos tipos de interferências, que foram dificultando a sintonia. O fenômeno é resultado da ampliação dos sinais elétricos no ar, da multiplicação dos edifícios, do aumento das radiações solares, entre outros fatores.
Já na década de 1980, ouvir estações em Ondas Médias nos grandes centros urbanos já era motivo de certo aborrecimento, com muitos ruídos disputando espaço com locutores e cantores. Como aquela foi a década do surgimento da maior parte das emissoras de Frequência Modulada (FM), que garantia uma qualidade muito melhor de áudio e de recepção, o público foi ficando mais exigente no quesito "qualidade de áudio" e foi dando maior audiência às emissoras de FM, basicamente todas musicais e transmitindo em estéreo.
Nos anos 1990, foi encontrada uma solução pelos grandes grupos de comunicação para transmitir a programação de suas emissoras de AM com boa qualidade de áudio. Eles passaram a utilizar estações FM já existentes para transmitir simultaneamente a programação de emissoras noticiosas que eram geradas em AM. Para tanto, algumas emissoras musicais dos grupos foram descontinuadas para dar espaço para dar espaço para suas emissoras noticiosas geradas em AM. Alguns grupos arrendaram ou até compraram estações em FM para este fim. Bons exemplos desse processo são as rádios CBN e Bandeirantes.
A década de 2010 foi marcada pelos processos de transmissão digital pela internet, tanto de música como de emissoras de rádio (streaming). As emissoras passaram a transmitir em alta qualidade por meio de seus sites, podendo ser ouvidas em qualquer lugar do planeta que contasse com internet disponível.
A Migração AM/FM
Como vimos, com o avanço das tecnologias de transmissão de áudio, a qualidade do som do rádio AM ficou defasada demais em relação ao da FM e das plataformas digitais. Foi com essa preocupação que, no início dos anos 2010, surgiu a ideia de que as estações de AM obtivessem uma concessão em FM e, após cinco anos, desligassem definitivamente suas estações.
Os custos de operação das estações de AM são altos, devido a manutenção periódica dos equipamentos e o consumo de energia elétrica, principalmente nas grandes cidades, onde há emissoras com transmissores entre 50 kw e 200 kw de potência. Para tanto, é inevitável o alto consumo de energia elétrica, que tem tarifas muito altas no Brasil.
Para efetivar as migrações das emissoras AM, surgiu um problema nas localidades onde já não havia mais frequências livres na faixa de FM. Foi quando, em 2013, surgiu a proposta — com a participação dos radiodifusores — de converter os antigos canais 5 e 6 de televisão (faixa VHF) para uso da radiodifusão sonora, como solução para que as estações de rádio AM pudessem explorar suas novas concessões de FM. Vale salientar que a faixa convencional de FM está fisicamente localizada entre os canais 6 e 7 VHF.
A utilização dos canais 5 e 6 VHF seria possível devido ao desligamento oficial das transmissões analógicas de televisão no Brasil, planejado para ocorrer nos anos seguintes — e que acabou acontecendo a partir de 2017.
A nova faixa de FM abange as frequências entre 76,1 e 87,3 MHz e passou a ser denominada como "FM Estendido", ou simplesmente "FMe", "Banda Estendida de FM". Alguns países também usam esta faixa para o mesmo fim (ou parte dela), como o Japão, por exemplo. O Chile anunciou que passará a usar a faixa estendida de FM a partir de 2024.
Naquele ano de 2013, a presidência do Brasil assinou uma lei que deu início ao processo facultativo de migração AM-FM no país. Ao todo, 970 estações oficializaram interesse na migração, sendo que 227 delas deveriam migrar para a faixa estendida de FM, pela indisponibilidade de frequências disponíveis no FM convencional.
As demais emissoras de AM poderão continuar operando normalmente, contudo, em um futuro próximo, as que operam em categoria local (entre 300 w e 1 kw), terão que se elevar, obrigatoriamente, para categoria regional, com 10 kW de potência.
Quanto a potência das emissoras migrantes para o FM, foram criados critérios de acordo com a potência necessária para que se cubra plenamente o contorno protegido que a estação de AM possui e que ela não sofra com interferências de outra estação de FM legalizada dentro desse raio.
Na parte 2 (breve): Rádio Jovem Pan de São Paulo realiza testes no FMe
Excelente explicação para quem ama o rádio e está conhecendo a nova faixa estendida no FM!
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